A tropa saiu para dar um passeio, circa 1999, óleo sobre tela, 12,5 x 35,5 cm |
http://ronaldofossati.blogspot.com.br/2007/02/ronaldo-fossati-os-3-poderes-2003.html
A tropa saiu para dar um passeio, circa 1999, óleo sobre tela, 12,5 x 35,5 cm |
Ronaldo Fossati
Eu, me dando conselhos; 1999-2001
Óleo sobre tela; 73,5 X 106 cm
A única coisa boa de envelhecer é a aparente paciência com o mundo que adquirimos com o tempo.
Puro otimismo. Estamos é ficando mais devagar e com reflexos mais retardados.
Adquirimos uma falsa sabedoria representada por um atraso nas reações, um delay de temperamento, que nos dá oportunidade de fazer cara de guru indiano e olhar para os mais jovens como se dissesse: -Eu sei como é isso, meu filho!
Bobagem. A vida sempre nos deixa atônitos e aturdidos com o inesperado e nossa lentidão contrasta com a crescente velocidade da modernidade, tão exaltada pelos futuristas que foram influenciados pelo poeta e escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti que lançou o Manifesto Futurista em 1909.
E o mundo segue o seu determinismo histórico, sempre pressionado por necessidades das classes dominantes e vontades de poderosos de ocasião que, para seus desesperos e nossos risos sarcásticos e nervosos, não controlam todas as causas e efeitos desse determinismo e a história soluça em eras, épocas, ciclos, reinados, impérios...
Na 5ª edição da Bienal do Mercosul tivemos um módulo intitulado “A Persistência da Pintura” em que o grupo organizador da Bienal, ao dar esse nome ao módulo, evidenciou o seu desconforto com a pintura, que teimava em existir em 2005, em pleno século XXI, no terceiro milênio da era cristã. Já decretaram a morte da pintura quando da invenção da fotografia e ela se multiplicou em movimentos. Na fase minimalista consideraram não haver mais sentido para a pintura e ela se mostrou revigorada em novas manifestações pós-pop como o pujante neo-expressionismo. Com a popularização das mídias digitais os apressados voltaram a considerar a pintura obsoleta. Sempre se enganam. Pintar é um impulso primal, atávico. Desenhamos e pintamos antes de escrevermos. Foi assim na época das cavernas, é assim hoje e sempre será. Com o desenvolvimento tecnológico a pintura deixa de ser a mídia principal da atualidade da humanidade mas será sempre fundamental como expressão do homem, queiram ou não os agentes culturais mais “up to datados”.