Sunday, December 03, 2006

O século dos Futuristas II

Ronaldo Fossati
Corrida de Galgos, 2004
Acrílico sobre madeira; 71,5 X 140 cm

Coleção de Luiz Alberto Presotto



Marinetti em 1909 celebrava a velocidade e as máquinas. Idolatrava a metralhadora, por exemplo, e deu o tom tecnológico do Século XX.
Num arroubo coerente, alguns artistas futuristas partiram entusiasmados para a 1ª Guerra Mundial, onde as máquinas, que tanto admiravam, atuavam em grande palco. A maioria morreu por elas.
O século dos Futuristas está chegando ao fim. Aproxima-se o momento da “divisão por zero”. Com a velocidade, os intervalos foram ficando cada vez menores e a curva da função histórica tende ao infinito. Estamos próximos de um ponto em que a história se desconstrói e tende a desaparecer, obedecendo à profecia de Karl Marx, que no Manifesto Comunista afirmou que tudo que é sólido desmancha no ar.
O século XX jogou Marx para baixo do tapete, mas, como um esqueleto insepulto, ele tende a assombrar até que seja reverenciado como merece.
As ideologias recentes, maniqueístas, colocaram grandes pensadores dos Séculos XIX e XX num concurso de misses e ficaram disputando polegadas e não idéias.
Que responsabilidade tem Marx com o que fizeram na antiga União Soviética? Quem sonha com utopias realizadas?
Idéias servem para confortar e dar sentido a uma história desumana e purgar os homens ainda em vida, não para serem apropriadas por aventureiros que agem como tivessem aval divino para cometer atrocidades.
A História é o Poder em processo ou o processo do Poder. Só Isso. Nós, os mariscos na briga do rochedo contra o mar, ou galgos numa corrida “desumana” para deleite de uma platéia privilegiada.

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