Saturday, December 16, 2006

O século dos Futuristas III


Ronaldo Fossati
Mannish World, 2002
Acrílico sobre tela, 73 X 92 cm


As idéias dos Futuristas talvez sejam as mais adequadas para montar uma alegoria da aceleração tecnológica que os seguiu.
Já o seu comportamento de coerência ideia/ação sem vantagem pessoal, não guarda paralelo nos atos e valores sociais que presenciamos. O idealismo foi definhando aos poucos.
Não há mais ideias e valores para se morrer. Morre-se ainda de fome, ignorância e violência urbana. Mas, enquanto não formos atingidos pela roleta-russa de hoje em dia, nós, que somos espertos, temos que levar vantagem em tudo, certo?
Levar-vantagem-em-tudo determina os valores e atos sociais representados pelo período neoliberal sobrevivente da guerra-fria, onde a acumulação de riqueza perdeu todo tipo de pudor e vergonha e fez corar a ética mais liberal até então.
Ainda vemos o Capital agir procurando vantagem em toda parte, mas a reação ao seu controle e onipresença já é percebida em atos políticos de grupos isolados pelo mundo afora e eleições de governos que em outra época seriam improváveis.
Temos ainda, a replicação barata da falsificação. A mão-de-obra e máquinas chinesas fazem o produto original e a falsificação e distribuem para o mundo. A cópia é mais presente que o original. Nada mais pós-moderno. Como no modernismo, o pós-modernismo e o plurarismo-pós-tudo guardam em si a autodestruição, a divisão por zero do futuro.
Há coisas nesse pensamento que me faz concluir que o Século XX terminou pior do que começou. O Século XXI terminará melhor que começou?

Sunday, December 03, 2006

O século dos Futuristas II

Ronaldo Fossati
Corrida de Galgos, 2004
Acrílico sobre madeira; 71,5 X 140 cm

Coleção de Luiz Alberto Presotto



Marinetti em 1909 celebrava a velocidade e as máquinas. Idolatrava a metralhadora, por exemplo, e deu o tom tecnológico do Século XX.
Num arroubo coerente, alguns artistas futuristas partiram entusiasmados para a 1ª Guerra Mundial, onde as máquinas, que tanto admiravam, atuavam em grande palco. A maioria morreu por elas.
O século dos Futuristas está chegando ao fim. Aproxima-se o momento da “divisão por zero”. Com a velocidade, os intervalos foram ficando cada vez menores e a curva da função histórica tende ao infinito. Estamos próximos de um ponto em que a história se desconstrói e tende a desaparecer, obedecendo à profecia de Karl Marx, que no Manifesto Comunista afirmou que tudo que é sólido desmancha no ar.
O século XX jogou Marx para baixo do tapete, mas, como um esqueleto insepulto, ele tende a assombrar até que seja reverenciado como merece.
As ideologias recentes, maniqueístas, colocaram grandes pensadores dos Séculos XIX e XX num concurso de misses e ficaram disputando polegadas e não idéias.
Que responsabilidade tem Marx com o que fizeram na antiga União Soviética? Quem sonha com utopias realizadas?
Idéias servem para confortar e dar sentido a uma história desumana e purgar os homens ainda em vida, não para serem apropriadas por aventureiros que agem como tivessem aval divino para cometer atrocidades.
A História é o Poder em processo ou o processo do Poder. Só Isso. Nós, os mariscos na briga do rochedo contra o mar, ou galgos numa corrida “desumana” para deleite de uma platéia privilegiada.

Saturday, December 02, 2006

O Século dos Futuristas I



Ronaldo Fossati
Eu, me dando conselhos; 1999-2001
Óleo sobre tela; 73,5 X 106 cm

A única coisa boa de envelhecer é a aparente paciência com o mundo que adquirimos com o tempo.
Puro otimismo. Estamos é ficando mais devagar e com reflexos mais retardados.
Adquirimos uma falsa sabedoria representada por um atraso nas reações, um delay de temperamento, que nos dá oportunidade de fazer cara de guru indiano e olhar para os mais jovens como se dissesse: -Eu sei como é isso, meu filho!
Bobagem. A vida sempre nos deixa atônitos e aturdidos com o inesperado e nossa lentidão contrasta com a crescente velocidade da modernidade, tão exaltada pelos futuristas que foram influenciados pelo poeta e escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti que lançou o Manifesto Futurista em 1909.
E o mundo segue o seu determinismo histórico, sempre pressionado por necessidades das classes dominantes e vontades de poderosos de ocasião que, para seus desesperos e nossos risos sarcásticos e nervosos, não controlam todas as causas e efeitos desse determinismo e a história soluça em eras, épocas, ciclos, reinados, impérios...

Friday, September 15, 2006

Esse é meu!



Ronaldo Fossati
Esse é meu, 2004
Acrílico sobre tela, 33 X 55 cm

Dislexia. Por que escrevo para internautas IV.

Já disseram que a história é escrita pelos vencedores, mas isso está mudando. Não que eles não continuem escrevendo, é que agora a gente sabe que uma parte é mentira. Ah, há outras histórias. Com o acesso à informação, agora cada um de nós tem a versão própria do elefante da história como os cegos tateadores da historinha. Uma parte deve ser mentira, mas com sinceridade não sabemos qual. Também lemos as histórias dos outros com o olhar da nossa versão e aí está a dislexia. Escrevemos mal, lemos mal e o pau sempre comeu.
Minha história é mais um pequeno peixe no vasto oceano da existência virtual. Não é um peixe mentiroso. Bem, ele não sabe se é.
Nunca o Futuro foi tanto uma incerteza. A história será escrita pelos vencedores do futuro que escolherão as melhores mentiras?

Saturday, September 02, 2006

Incêndio na RS-41



Ronaldo Fossati
Incêndio na RS-41, 2001
acrílico sobre tela , 35 X 56 cm
Coleção de Daniel Gabardo

Saturday, August 26, 2006

Antonio Lopez com Chimarrão










Ronaldo Fossati
Antonio Lopez com Chimarrão, 2002
Acrílico sobre tela, 50X81 cm

Dislexia. Por que escrevo para internautas III

Não tenho simpatia pela flashy egotrip dos blogs mas aqui eu tenho um espaço gratuito onde exponho pensamentos individuais e intransferíveis. Abrando a frustração de perceber que raramente concordo com opiniões expressas no jornalismo empresarial e que a tv, o rádio e o jornal quase sempre não dizem o que me interessa. A boa literatura e a informação imprescindível ainda estão nos livros, mas a internet já possui a primeira demão do verniz cultural, com secagem rápida.

Sunday, August 20, 2006

Becky

Ronaldo Fossati
Becky, 1999
acrílico sobre papel, 42 X 60 cm

Saturday, August 19, 2006

Dislexia. Por que escrevo para internautas II.

A internet é alternativa ao jornalismo empresarial do período neoliberal, ou do capitalismo tardio, como queiram, com o seu “pensamento único”. Esse “pensamento único” funciona assim: -Eu anuncio num veículo de comunicação que defende os meus interesses. Dou o meu dinheiro para o dono que pensa como eu. O dono paga seus funcionários que pensam como ele e como eu e pronto, o círculo fecha-se em si.
Pois é, mas eu, o indivíduo, não penso como eles. O jornalismo empresarial criou um sistema de exclusão. A internet é um Marx da nova era dando espaço ao pensamento do novo proletariado digital.

Friday, August 18, 2006

Homem Sentado em Banco Alto


Ronaldo Fossati
Homem Sentado em Banco Alto, 2004
Acrílico sobre tela, 100 X 73 cm

Wednesday, August 16, 2006

Dislexia. Por que escrevo para internautas I.



Porque eu consigo.
Vivemos um período paradoxal em que temos a liberdade da opinião, com o risco da banalização, convivendo com a concentração do poder e conseqüentemente da informação, ou será que é o contrário? Bem, temos os ainda poderosos meios de comunicações de massa já tradicionais como televisão, rádio, revistas e jornais dominados por poucos grupos e também a recente e ainda incipiente democracia da internet que dilui o pigmento dos pensamentos individuais num veículo oceânico. Vivemos num mundo de dislexia onde a saturação de informações não nos permite corretas interpretações em níveis profundos de entendimento das leituras do ambiente que nos cerca. A possibilidade de uma síntese honesta e acertada é improvável e conseqüentemente desacreditada. Desconfiamos até de imagens, principalmente de imagens.

Tuesday, August 15, 2006

Pintura e a Humanidade

Ronaldo Fossati
Carreiras Elétricas, 2005
acrílico sobre tela, 97 X146 cm

Na 5ª edição da Bienal do Mercosul tivemos um módulo intitulado “A Persistência da Pintura” em que o grupo organizador da Bienal, ao dar esse nome ao módulo, evidenciou o seu desconforto com a pintura, que teimava em existir em 2005, em pleno século XXI, no terceiro milênio da era cristã. Já decretaram a morte da pintura quando da invenção da fotografia e ela se multiplicou em movimentos. Na fase minimalista consideraram não haver mais sentido para a pintura e ela se mostrou revigorada em novas manifestações pós-pop como o pujante neo-expressionismo. Com a popularização das mídias digitais os apressados voltaram a considerar a pintura obsoleta. Sempre se enganam. Pintar é um impulso primal, atávico. Desenhamos e pintamos antes de escrevermos. Foi assim na época das cavernas, é assim hoje e sempre será. Com o desenvolvimento tecnológico a pintura deixa de ser a mídia principal da atualidade da humanidade mas será sempre fundamental como expressão do homem, queiram ou não os agentes culturais mais “up to datados”.

Perfil

Ronaldo Fossati
Perfil, 2001
óleo sobre tela montada

Saturday, August 12, 2006

O que eu faço é Pintura!

Executo uma pintura figurativa e realista, atenta a regras de composição e de luz e sombra que reproduz tonalidades próximas as cores reais, com pinceladas estudadas e vigiadas, nem sempre obedientes, mas mais comportadas que descontroladas, que se inclina mais para o hiper-realismo que para o resultado de obras feitas com pinceladas gestuais, enérgicas e soltas como as do expressionismo. Alem do simbolismo do corpo desejo a simulação da realidade visível executada com minha "caligrafia".